sexta-feira, 23 de abril de 2021

    



     No próximo dia 25 de abril será realizada a maior festa da indústria do cinema mundial, a entrega do Oscar. Entretanto devido a pandemia, o brilho e glamour tão comuns nessa cerimônia, este ano estarão mais apagados, já que não teremos público presente além dos indicados. 

    Já são 93 edições dessa festa e outro elemento que sempre esteve presente é o lado obscuro que cada estatueta premiou. Harvey Weinstein, famoso produtor de Hollywood, teve nos últimos anos seu passado sombrio revelado e a descoberta de um incalculável número de mulheres assediadas por ele. A academia sem enxergar a sombra que a sua estatueta carregava, premiou Shakespeare Apaixonado com 7 Oscars em 1998, consagrando assim um assediador.

    Harvey é só um dos inúmeros casos que existem no show business, que em sua maioria nem temos conhecimento e como pior consequência é a demora para se notar esse tipo coisa. Tradicionalmente a Academia sempre privilegiou grupos específicos, deixando a sombra da estatueta cada vez maior, contudo, graças a movimentos como “#MeToo” isso vem se alterando bastante nos últimos anos e assim como nas telonas, a luz tem vencido a escuridão.

    A exemplo disso esta indicação, pela primeira vez na história da premiação, duas mulheres concorrendo para a categoria de melhor direção, Emerald Fennel por “Bela Vingança” e Chloé Zhao por “Nomadland”, sendo esta última asiática. Chlóe é chinesa, o que torna a indicação ainda mais plural. 

    Antes desta dupla indicação feminina, a academia só havia indicado apenas cinco mulheres para melhor direção. Lina Wertmuller por “Pasqualino sete belezas”, 1977; Jane Campion por “O piano”, 1994; Sofia Copola (filha do cineasta Francis Ford Copola) por “Encontros & Desencontros”, 2004; Greta Gerwig por “Lady Bird: A hora de voar”, 2018 e Kathryn Bigelow em 2010 foi a única mulher até hoje a vencer a categoria com “Guerra ao terror”. Em 2021 as mulheres têm 40% de chances de levar a estatueta, maior chance desde a criação da premiação, fica o aguardo do dia 25 de abril para sabermos o final deste filme.

Vamos torcer para que esse tipo de movimento só aumente e não seja engolido pelos poderosos bastidores da indústria da sétima arte. Assim como o movimento negro foi ouvido após a premiação de 2016, esperamos que todos os outros movimentos sociais sejam ouvidos após a premiação deste ano, e o Oscar faça jus ao seu título de maior premiação do cinema no mundo, representando de fato que ele divulga que é: plural, colorido, diverso e com mais de um gênero. 

 

* Este texto é uma extensão do tema debatido no 2° episódio do #CinapseCast, disponível nas principais plataformas de podcast e no Canal do Cineclube Lanterna Mágica, no Youtube.

 

Por Ronaldo Júnior (aluno do 3º de Jornalismo – Unisanta)


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